Primeiramente, é importante destacar que o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) consiste em um transtorno de origem genética que causa dificuldades ou atrasos no desenvolvimento verbal e social, bem como da variabilidade de comportamentos. Dentre estas variabilidades, um assunto que traz preocupação à família da criança dentro do espectro autista é a Motivação Social. Como manter o incentivo e a motivação das crianças na interação com outras pessoas?
Este engajamento social é facilitado, principalmente, pelas brincadeiras. No brincar a criança se expressa e aprende habilidades necessárias para a manutenção da sua qualidade de vida e competências sociais. Assim como promove um espaço para desenvolver os pensamentos, avanço no raciocínio, contato com o meio a que está inserida bem como habilidades emocionais, comportamentais e motoras.
Crianças dentro do Espectro Autista tendem a preferir brincar sozinhas, e as trocas de experiências que o brincar exige, proporciona aspectos positivos para o desenvolvimento global e sociocognitivo da criança, pois quanto mais ela interage e observa o outro, mais ela aprende novas habilidades fundamentais.
Para tanto, se faz relevante a utilização dos interesses da criança, ou seja, perceber o que a motiva, como por exemplo um brinquedo que ela goste muito, e utilizá-lo para manter a interação durante as brincadeiras. Promover momentos em que a criança sinta que consegue realizar as atividades propostas e, assim, evidenciar suas conquistas, além de estabelecer as chamadas “trocas de turnos” (sua vez, minha vez), permitindo que a criança imite sua ação para que assim, através da observação, a criança consiga executar funções simples, como iniciar e parar uma brincadeira.
Sendo assim, a observação e imitação são processos essenciais para que a criança dentro do Espectro Autista possa se tornar cada vez menos dependente. Quanto mais se trabalha a motivação através da brincadeira, em casa ou em terapia, a criança solidifica o seu aprendizado, tendo o brincar como um facilitador para que a criança possa aprender e interagir com outras crianças e, ainda, aumente seu repertório de habilidades.
Quando a brincadeira faz sentido para a criança, é através da motivação e do prazer no brincar, que ela não apenas responde às solicitações, mas sim, adota novas ações e competências, de forma a refletir nas suas interações de maneira natural e espontânea, crescendo e progredindo.
Réuren Azevedo
CRP 07/35153