Adolescer Autista na Contemporaneidade: uma crise em outra crise

Falar sobre adolescência dentro do Espectro Autista na contemporaneidade, pode ser um grande desafio, levando-se em consideração os impactos gerados em meio ao cenário da COVID-19. A puberdade é um importante período de transição da fase infantil para a adolescência. É o momento em que ocorre a desconstrução do universo infantil para vivenciar novas experiências com o corpo e com a sexualidade, além de transformações relacionadas com o psicológico. No entanto, no autismo ou em qualquer outro transtorno, essa fase deve ser acompanhada por profissionais habilitados para auxiliar nessa ‘nova’ vida. Como evitar o estresse e fazer com que não se sintam entediados? É fundamental refletir sobre as possíveis alternativas para a ampliação das
habilidades sociais, através de um ensaio reflexivo e estratégias de cuidados:

  • O incentivo à autonomia é considerado um importante pilar na construção da
    identidade, fazer as próprias escolhas, refletir sobre os seus atos, reconhecer erros e acertos e
    definir metas podendo contar com ajuda de especialistas e o apoio da família.
    O desenvolvimento da autonomia envolve fatores culturais, sociais e as características
    pessoais.
  • Estimular a criatividade e expressão, quanto mais motivadora e divertida for a
    interação, maior a chance do adolescente permanecer espontaneamente na atividade.
    A interação ajuda na motivação, importante observar se o adolescente gosta de música, por
    exemplo, cantar, dançar e tocar algum instrumento musical pode ser uma ótima escolha!
  • A ampliação das relações sociais, é imprescindível, com a articulação da
    equipe multidisciplinar e família, se tenha uma prática menos focada na síndrome e mais
    centrada nos aspectos que dizem respeito à vida saudável.
  • Atividades esportivas e de lazer também contribuem, tanto para amenizar
    quanto prevenir, na intensificação do sofrimento dos adolescentes com TEA. Uma ótima
    alternativa é caminhar ao ar livre, recorrendo de preferência a locais abertos e em horários
    onde há menos movimento nas ruas, considerando toda segurança e buscando garantir a
    proteção necessária.
    Importante ressaltar sobre as medidas de isolamento social que podem gerar
    situações de intenso sofrimento, como estresse, ansiedade e comportamento agressivo e
    autolesivo. Assim, em alguns casos, o uso de máscara será algo inviável a depender do nível
    de comprometimentos intelectuais e sensoriais. Vale ressaltar que no dia 02 de julho de 2020,foi sancionada no Brasil a Lei Federal n° 14.019, a qual dispensa o uso obrigatório de máscara
    para pessoas com TEA e outras deficiências que apresentam dificuldades no uso de forma
    adequada.
    As reflexões ajudam na compreensão das verticalidades dos adolescentes com
    TEA, especialmente em contextos estressantes como a pandemia. Consequentemente, é de
    extrema importância que a Psicologia se faça presente nesses casos, contando com métodos e
    instrumentos comprovadamente eficazes que auxiliam no tratamento efetivo deste transtorno.
    Até a próxima!
    Eliane da Rosa Martins
    Psicóloga Clínica

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